História de Cabo Verde

Cabo Verde é um país africano, arquipélago de origem vulcânica, constituído por dez ilhas. Está localizado no Oceano Atlântico, a 640 km a oeste de Dacar, Senegal. Outros vizinhos são a Mauritânia, a Gâmbia e a Guiné-Bissau, ou seja, todos na faixa costeira ocidental da África que vai do Cabo Branco às ilhas Bijagós. Curiosamente, o cabo Verde que dá nome ao país não se situa nele, mas a centenas de quilómetros a leste, no Senegal.
Foi descoberto em 1460 por Diogo Gomes ao serviço da coroa portuguesa, que encontrou as ilhas desabitadas e aparentemente sem indícios de anterior presença humana. Foi colónia de Portugal desde o século XV até sua independência em 1975.


A história de Cabo Verde inicia-se com a descoberta europeia do arquipélago (1456), podendo dividir-se em duas grandes etapas: a colonial (até 1975) e a independente (até aos nossos dias). A questão da autoria da descoberta de Cabo Verde é objecto de discussão historiográfica. No contexto dos Descobrimentos portugueses, admite-se que o arquipélago tenha sido alcançado em 1456 por Diogo Gomes, a serviço do Infante D. Henrique. Outros autores atribuem o comando da primeira expedição ao veneziano Alvise Cadamosto, em 1460, ano da morte do Infante. Recentemente, entretanto, tem-se afirmado a prioridade do genovês António da Noli — ainda em vida do Infante —, com base na Carta - régia de 19 de Setembro de 1462.
Em finais de 1461 ou inícios de 1462 em nova viagem, o descobridor Diogo Afonso teria avistado as ilhas da Brava, São Nicolau, Santa Luzia, Santo Antão, São Vicente e os ilhéus Raso e Branco. De acordo com as narrativas coevas, essas ilhas encontravam-se desertas, sem qualquer indício de presença humana.
A sua colonização iniciou-se, portanto, ainda em 1462, pela ilha de Santiago, em sua parte sul, na Ribeira Grande. Foi empregado o sistema de capitania, com mão-de-obra escrava oriunda da vizinha costa da Guiné, para a cultura de cana-de-açúcar, algodão e árvores frutíferas. A ilha de Santiago foi dividida em duas circunscrições, sendo uma delas a Capitania do Sul, com sede na Ribeira Grande, doada a António da Noli. A outra foi doada a Diogo Gomes. Para colonizar o seu lote, Noli trouxe colonos do Alentejo e do Algarve.
A segunda ilha a ser povoada foi a de São Filipe, actual Fogo, única que apresentou condições para o plantio da vinha.
Os capitães donatários pouco devem ter se deslocado às ilhas de Cabo Verde, excepto os descobridores, que nelas estiveram pontualmente, de passagem, sendo necessário o recurso a funcionários régios e a delegados insulares para gestão dos interesses quer da Coroa quer dos Donatários.
Com lentidão, devido aos rigores do clima, semelhante ao desértico, desenvolveu-se a colonização. A posição estratégica do arquipélago no âmbito das rotas atlânticas entre a Europa, a América e a África, contribuíram nos séculos seguintes para o seu desenvolvimento como entreposto comercial e de aprovisionamento, nomeadamente o tráfico de escravos para o Brasil, a região do Caribe e o sul dos Estados Unidos da América.


A luta pela independência
A partir da década de 1950, com o surgimento dos movimentos de independência dos povos africanos, a colónia portuguesa do Cabo Verde vinculou-se à luta pela libertação da Guiné Portuguesa (actual Guiné-Bissau).
Em 1956 o intelectual cabo-verdiano Amílcar Cabral fundou em Bissau o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Exilado em Conacri, ali criou uma delegação e sede do partido. O líder foi assassinado em 1973.


Geografia 

Cabo Verde é um arquipélago localizado ao largo da costa da África Ocidental. As ilhas vulcânicas que o compõem são pequenas e montanhosas. Existe um vulcão activo, na ilha do Fogo, que é igualmente o ponto mais elevado do arquipélago, com 2829 m. O país é constituído por 10 ilhas, das quais 9 habitadas, e vários ilhéus desabitados, divididos em dois grupos:
  • Ao norte, as ilhas de Barlavento. Relacionando de oeste para leste: Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia (desabitada), São Nicolau, Sal e Boa Vista

  • Ao sul, as ilhas do Sotavento. Enumerando de leste para oeste: Maio, Santiago, Fogo e Brava.
As maiores ilhas são a de Santiago a sueste, onde se situa, Praia, a capital do país, e a ilha de Santo Antão no extremo noroeste. Praia é também o principal aglomerado populacional do arquipélago, seguida por Mindelo na ilha de São Vicente.
Clima
O arquipélago de Cabo Verde está localizado na zona sub-saheliana, com um clima árido ou semi-árido. O oceano e os ventos alíseos moderam a temperatura. A média anual raramente é superior a 25 °C e não desce abaixo dos 20 °C. A temperatura da água do mar varia entre 21 °C em Fevereiro e 25 °C em Setembro.
As estações do ano são fundamentalmente duas: as-águas e as-secas ou tempo das brisas.
A estação chuvosa, de Agosto a Outubro, é muito irregular e geralmente com fraca pluviosidade, em especial nas ilhas de São Vicente e Sal, onde tem havido vários anos seguidos sem chuva. As ilhas mais acidentadas, como Santo Antão, Santiago e Fogo, beneficiam de maior pluviosidade.
A estação mais seca, de Dezembro a Julho, é caracterizada por ventos constantes. A chamada bruma seca, trazida pelo vento harmatão das areias do Saara, chega a provocar a interrupção dos serviços nos aeroportos.

Cultura
Em todos os seus aspectos, a cultura de Cabo Verde caracteriza-se por uma miscigenação de elementos europeus e africanos. Não se trata de um somatório de duas culturas, convivendo lado a lado, mas sim, um terceiro produto, totalmente novo, resultante de um intercâmbio que começou há quinhentos anos.

A Lingua
A língua oficial é o português, usada nas escolas, na administração pública, na imprensa e nas publicações. A língua nacional de Cabo Verde, a língua do povo, é o crioulo cabo-verdiano (criol, kriolu). Cabo Verde é formado por dez ilhas e cada uma tem um crioulo diferente. O crioulo está oficialmente em processo de normalização (criação duma norma) e discute-se a sua adopção como segunda língua oficial, ao lado do português.

Musica
O povo cabo-verdiano é conhecido por sua musicalidade, bem expressa por manifestações populares como o Carnaval de Mindelo, cuja importância faz com que a cidade seja conhecida nos dias dos festejos momescos como "Brazilim" (ou "pequeno Brasil"). Na música, há diversos géneros musicais próprios, dos quais se destacam a morna, o funaná, a coladeira e o batuque. Cesária Évora é a cantora cabo-verdiana mais conhecida no mundo, conhecida como a "diva dos pés descalços", pois gosta de se apresentar no palco assim. O sucesso internacional de Cesária Évora fez com que outros artistas cabo-verdianos, ou descendentes de cabo-verdianos nascidos em Portugal, ganhassem maior espaço no mercado musical. Exemplos disso são as cantoras Sara Tavares e Lura.